Contrastes de um cristianismo moderno







Tudo em Cristo me deixa perplexo. Seu espírito me intimida, e sua vontade me confunde. Entre ele e qualquer outra pessoa do mundo, não existe termo possível de comparação. Ele é verdadeiramente um ser por si mesmo [...] Procuro em vão na história encontrar o semelhante a Jesus Cristo, ou qualquer coisa que se possa aproximar do evangelho. Nem a história, nem a humanidade, nem os séculos, nem a natureza me oferecem qualquer coisa com a qual possa compará-lo ou explicá-lo. Aqui tudo é extraordinário.

Napoleão


É fato que o contingente de pessoas no mundo que afirmam serem seguidoras de Jesus Cristo “não está no gibi”.
O censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE mostrou que só no Brasil o número de cristãos, católicos e evangélicos, chegou a 165,5 milhões. Considerando que em 2010 a população brasileira era de 190,7 milhões, chegamos a seguinte conclusão: tem cristão “saindo pelo ladrão”! O evangelho dos últimos anos  tem contagiado multidões no mundo inteiro. Agora, cá pra nós... qual o aspecto positivo disso para a sociedade? Falando numa esfera menor, o que essa migração em massa de fiéis para dentro do cristianismo moderno trouxe de bom para as nossas comunidades? Parece que as mudanças trazidas por esse fenômeno não contribuíram muito para um crescimento - mesmo que pequeno – para a sociedade brasileira. Basicamente o que mudou foi o seguinte:
   
1. Incorporamos gírias religiosas em nosso vocabulário;
2. Deixamos de nos preocupar com as necessidades dos outros para nos  focarmos nas nossas;
3. Deixamos de reinvidicar nossos direitos e cumprir com nossos deveres de cidadãos perante a nação, pois “Deus vai dar um jeito em tudo, é só orar com fé!”. Ou, mais fácil, eleger um representante político evangélico ou católico pra ele correr atrás dessas coisas sozinho;
4. Deixamos o velho costume dos nossos avós de economizar, (às vezes até juntando embaixo do colchão) para então barganhar com Deus: eu dou tanto e o Senhor me restitui em dobro! Afinal, tem que ser fiel;
5. O pouco dinheiro que se ganha do suor de um dia de trabalho não é mais só para a sobrevivência da família e socorro dos semelhantes, agora ele também serve para os cristãos se sentarem em cadeiras confortáveis nos templos com ar-condicionado e para pagar a casa, a comida, a praia, a pizza e o carro de seus líderes que não gostam de trabalhar assim como fazem seus liderados generosos.
6. Os cristãos modernos provocaram um crise no mercado fonográfico, pois agora a moda é o GOSPEL e o artista que quiser continuar se aventurando no que não é desse estilo vai “penar”. Apreciar uma boa música, uma boa peça teatral ou um bom filme só seria permitido se tivessem um fundo religioso, o ideal é que a arte fosse gospel (pelo menos esse é o discurso quando no meio dos demais. Quando sozinho o que é “do mundo” vira “de Deus” e o que é “de Deus” só é usado mesmo, em momentos de angústia);
7. Outra mudança foi a “perda da noção”. Embora a probabilidade de mostrar “as partes íntimas” seja bem maior do que usando um short/bermuda ou calça, andar de bicicleta ou na garupa da moto, só se for de saia! E por aí vai, a lista das mudanças estéticas para sociedade é imensa.

Dificilmente um leitor que está atento a sua geração chamaria esse evangelho descrito acima de “EXTRAORDINÁRIO”, como fez Napoleão no texto inicial deste post. O Jesus e o evangelho que não se pode explicar ou comparar a qualquer outra coisa, não pode ser esse de cunho estético, ele tem que ser interno, profundo, com raiz capaz de transformar o ser humano de dentro pra fora a seu tempo.

“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas...[...]...Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.”
(Atos 17:24,25,31)


Por Eduardo Alexandre.

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Um comentário:

  1. KKKK, não tem como não se indignar com esse cristianismo que está aí, pedir a Deus mais ousadia pra denunciá-lo é nosso dever.

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